domingo, 30 de novembro de 2008

Um Minino Chamado Mirto (Ele Comeu, EEEEEEEEE \o/)

Hoje vou falar de um grande amigo meu, Milton Ferreira Alves, mas conhecido como Mirto Minino. Mirto minino é o grande responsável por eu estar aqui nos USA fazendo este programa de Work and Travel. Como sempre vou começar do começo para explicar toda a história.

A primeira vez que vi o Mirto Minino foi na dinâmica de grupo do processo seletivo para trabalhar na UCG (Universidade Católica de Goiás), pois participamos da dinâmica juntos e na época eu lembro muito bem dele, pois ele havia se destacado muito com suas belas palavras a respeito de si mesmo naquela hora do quem sou eu, no dia lembro direitinho em ter pensado: “Que menino enrolão, Meu Deus”. E realmente, sua belas palavras conseguiram enrolar muito bem as psicólogas (as minhas também, não posso esquecer de me dar crédito aqui também, eheheh) e logo depois disso fomos trabalhar juntos na Biblioteca da UCG.

Milton é um grande amigo, tem aproximadamente 1,70 metros, magro, cabelos escuros, inteligente e bem determinado no que quer da vida. É um cara estudioso, amante da biologia e do conhecimento, profundo conhecedor dos livros da Biblioteca Central de Goiás, sabendo de cabeça até mesmo a classificação de vários, ehehee.

Junho de 2007 nós estávamos trabalhando lá na Biblioteca e começamos a falar a respeito deste assunto de intercâmbio, pois era algo que eu sempre quis, e disso surgiu também a vontade no Milton e ele começou a mexer os pauzinhos para realizar o Expirience in USA.

Eu esqueci desse assunto, o tempo passou, sai da Biblioteca, fui ser psicólogo e em julho deste ano deixei de ser psicólogo para ser nada (para não dizer desempregado, ehehhe) e resolvi fazer o intercâmbio também, foi ai que conversei com o Milton e resolvemos fazer o programa juntos.

Bom, a partir daí vocês já sabem minha trajetória e antes de ontem, quem chega em Wisconsin Dells, ninguém melhor do que o Mirto Minino. Não me esqueço do seu sorriso de alegria e o abraço feliz que me deu quando nos encontramos aqui, foi algo bacana. Fiquei feliz em rever o Milton e agora mais do que nunca tivemos a certeza de que nossos planos estão começando a dar certo =).

Foi nessa hora que eu tive que virar pra ele (Gente, eu juro que eu tentei não fazer, mas eu não resisti) e tive que perguntar pra ele se ele estava com fome (auhauauhauhuhauha) e a resposta tão esperada surge da boca de Mirto: “Sim, to querendo comer alguma coisa mesmo”, quase pulei de alegria na hora e falei: “Tem umas bolachinhas esperando por você (auhauhahauaha, sou muito mal =)”. Foi ai que descemos e mostrei para ele o saco de bolachas que estava na geladeira (para não perder, ehhehe) e ele comeu algumas bolachas feliz da vida, auhauhuahahuaa. Pensem na minha felicidade no momento. Ficou faltando só 4 bolachinhas, de um pacote que quando eu comprei tinha umas 60 bolachas. Ta bom de mais. O que eu achei melhor, foi ele falando depois: “Depois precisamos ir no Wal Mart para comprarmos mais dessas bolachinhas”. Eu lembrava do blog, pensava em vocês rindo aqui, dava um sorrisinho de leve por fora (por dentro eu estava me matando de tanto rir) e falei: “É, a gente vai lá depois para comprarmos”. Uahuahahauha. Eu dava umas risadinhas na hora pq realmente eu não agüentava. Foi muito engraçado. Ehheheheh.

No outro dia, foi meu Day Off, então sai com o Mirto Minino para darmos uma volta, ele comprar roupas, pois as roupas que ele estava não dava para segurar o frio daqui de Wisconsin Dells, e para ele conhecer um pouco mais a cidade.

Bom, como boas pessoas que gostam de caminhar, começamos nosso trajeto então, caminhando é claro (até mesmo porque não tínhamos outra escolha, ehehhee). Nessa etapa inicial, eu emprestei um gorro para o Mirto, ele pegou umas luvas do Bruno emprestadas e fomos. Nos primeiros três minutos de caminhada olho para o Mirto e vejo ele meio pálido e pergunto: “Que foi Mirto?” e ele: “Tá frio aqui né!”. Gente, não é maldade, mas eu não me agüento, eu quase morro de rir, auhauaahuhahauaha. Não tava nem perto de fazer frio mesmo, tava um friozinho e ele já não estava agüentando, eu quase morria de rir.

Fomos caminhando, caminhando, conversando, caminhando, tirando foto e eu só escutando as expressões do Milton: “Acho que não to sentindo mais o meu queixo!”; “Meu Deus, que vento gelado”; “Nossa, a neve é gelada mesmo” e a gente caminhando (esta hora eu estava mostrando o caminho do Subway para ele, pois ele vai trabalhar lá também) eu olho para ele, vejo um cara branco, com a cara séria, expressão de cansaço e tensão e escuto a tão esperada fala: “Nossa, é longe mesmo heim”. Uahuahahuaaa, quase cai no chão de rir. Acho que eu já tinha visto gente sofrer, mas como o Mirto tava sofrendo ali eu acho que nunca tinha visto. Foi muito engraçado.

Subway, depois Wal Mart (dessa vez de carona). Roupas, luvas, casacos, moletom e tudo mais para proteger do frio, compras feitas, go back pra casa. O engraçado dessa parte é que o minino tava sofrendo tanto com o frio antes de chegar lá, que ele vestiu tudo que comprou e ai fomos, caminhando como sempre. Andamos, andamos, andamos e de repente escuto a expressão de novo, só que desta vez ao contrário: “Nossa, está quente aqui com esse tanto de roupa”, uahuahahaua, eu não me agüentava, mas também, ele tava com tanta roupa que nem bala atravessava aquele tanto de pano, auhuahuhahua, foi engraçado de mais. Depois que chegamos, um pouco mais tarde, fomos comer uma pizza, umas 5 quadras daqui de onde moramos, quando eu e o Bruno chamamos ele, a expressão de sofrimento era eminente, só escutei um “Não tenho estrutura não, mas vamos lá”, mas enquanto caminhávamos eu prestava atenção nele, as caras de sofrimento e cansaço eram tão eminentes, pensem num homem sofrendo, era o Mirto Minino.

Hoje, fomos trabalhar, e o Mirto Minino já foi recepcionado com uma nevasca daquelas bem feias mesmo. Até pra mim foi novidade, nunca tinha caminhado com a neve caindo no rosto e tal.

Trabalhamos, foi legal, o Milton aprendeu um pouco do trabalho e a tarde ele ia no Outlet daqui (local como se fosse um shopping), ele saiu as 5, eu ia sair as 7 e o Bruno as 8. Porém poucos minutos antes de ele partir a Ashley ofereceu carona para ele e só escuto um: “Com essa neve caindo, não posso recusar”.

Bom, ele se foi e logo em seguida vamos eu e o Bruno, a neve caindo forte, eu todo coberto, parecendo o Jaspion, até de gorro que cobre o rosto todo e só deixa o buraco dos olhos eu estava usando. Esse tipo de roupa é bom, porque protege o corpo todo, porém é inacreditável, não é possível, eu sou azarado demaisss, eu com o corpo todo coberto, a neve podia bater em qualquer lugar do meu corpo mas onde ela insistia em cair? Era cada nevada nos olhos que eu quase ficava cego, não tinha lógica. Ooo tristeza, mas chegamos vivos em casa, ehehhee.

Bom, no mais é isso, depois conto mais a respeito das loucas aventuras minhas e do Mirto Minino.

Abracos e beijos para os respectivos. =)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Mistério das Bolachas Intermináveis

Hoje vou falar um pouco sobre o consumismo americano, sobre os tamanhos e quantidades extra, extra, extra grande daqui (como eles falam écstra, écstra, écstra...), que realmente é algo que tem me impressionado bastante.

Desde o dia que eu cheguei aqui, eu tenho visto as pessoas consumirem, consumirem, consumirem e consumirem, cada vez mais, cada dia com tamanhos maiores, algo impressionante de se ver. Antes de tudo já ressalto que estou escrevendo sobre essas coisas hoje, pois é um dia estratégico, mais na frente vocês irão descobrir o porquê, heheheh. Meu segundo dia em Dells foi o dia em que sai com minha empregadora para comprar roupas para o frio e um pouco de comida aqui para casa, coisas para café da manhã, essas coisas. A cidade aqui como já ressaltei é pequena, porém larga e gira em torno de um grande hiper mercado, Wal Mart, ele é o responsável por abastecer todos os habitantes de Dells e seu entorno, além dos estrangeiros que aqui habitam como eu. O supermercado daqui é gigante, de colocar qualquer Carrefour ou o próprio Wal Mart de Goiânia no chinelo, é impressionante o seu tamanho e a variedade de coisas que se encontra lá, coisas inimagináveis é capaz de se achar naquelas prateleiras, de roupa íntima a isca de pesca, acredito que se acha de TUDO lá, até super-herói descartável se brincar, você consegue um, hehehe. O problema é que é o único lugar da cidade de se comprar as coisas, aqui não existe pequenos supermercados ou mercearias de bairro como geralmente existe no Brasil, se eu precisar de um fósforo, preciso ir ao Wal Mart comprar.

Mas voltando, neste meu segundo dia aqui em Dells, estava eu e minha empregadora lá e eu estava morrendo de fome, doido para comer alguma coisa, já era mais de 3 horas da tarde e eu não havia comido nada naquele dia e ela me levou no Wal Mart. Entrando a boca já encheu de água, pois comidas diferentes é o que não falta. Porém a inexperiência e o medo de comprar o supermercado inteiro devido a fome, eu resolvi comprar poucas coisas, apenas para os primeiros dias mesmo (até mesmo porque naquele dia eu ainda não tinha noções de distância desta cidade). Foi ai que comprei um pacote de 24 latas de Pepsi (6 dóllares), 1 batata parecido com a Rufles (porém o tamanho é écstra, écstra, écstra, famoso tamanho família, cerca de 3 dóllares), 3 batatas pringles (1 dóllar o pacote) e um pacote de bolacha (também tamanho família, cerca de 2,50 dóllares). Realmente pouca coisa. Só um inocente e banana como eu que poderia achar pouca coisa. Ah, tenho que ressaltar uma passagem que foi muito engraçada. A fome era tão grande e eu já estava indo para o caixa (estava sozinho nesta hora, porque minha empregadora estava nos caixas me esperando) eu passo do lado de uma pizza écstra, écstra, écstra, grande, tamanho família, como tudo que vemos lá, ahhh, a boca na mesma hora encheu de água, o preço era super agradável (7 dóllares apenas), pensei: “Fechou, tenho pizza para uma semana! ehuahuahhau”. Lá vai eu feliz da vida para o caixa e de longe eu vejo a minha empregadora vindo em minha direção balançando a cabeça e dizendo um monte de coisa enrolado que eu só consegui entender mais ou menos assim: “Essa pizza não cabe no forno microondas do seu dormitório, vou devolvê-la”. É mesmo, precisava assar a pizza, uahauhaua, e era tãããããããããooooooo grande que não cabia no forno, eu tinha me esquecido desse pequeno detalhe. Fui embora sem a pizza, porém satisfeito com as coisas que tinha comprado.Em três dias eu tinha comido um pouco mais da metade das pringles e já não agüentava mais ver aquela batata, o pacote família eu nem tinha mexido ainda e as bolachas (Argh) já não agüentava mais vê-las. E eu não podia jogar aquelas coisas fora, afinal, existe muitas criancinhas no mundo passando fome (pensamento de todo gordo) e devido a isso não se pode jogar comida fora, tem que comer, Meu Deus, o que eu faria com aquelas coisas. Foi ai que eu tive a brilhante idéia. Na época o Bruno não tinha chegado ainda, eu mandei uma mensagem para ele, falando que o estava esperando e que eu já tinha até comprado comida, que era pra ele não se preocupar, que se ele chegasse com fome, teria o que ele comer, essa era minha esperança de acabar com essas coisas. O Bruno chegou, comeu uma ou outra coisa e não conseguia ver mais aquelas coisas também.

Bom, com muita luta, sacrifício e uns molhinhos de se colocar em batata frita (que eu roubei no Burguer King daqui, hehehhe, sou muito mal =) eu consegui acabar com as batatas a uns dias atrás. Mas as bolachas. O meu Deus, que bolachas. Eu já não consigo mais olhar para estas bolachas. Já tive até pesadelos com elas. É sério, toda vez que eu abria a geladeira para pegar uma Pepsi (que por sinal eu tomei a última hoje com a ajuda do Bruno) eu via aquelas bolachas na minha frente, vez ou outra eu até arriscava comer alguma, mas hoje, realmente não dá mais, não consigo nem mais sentir o cheiro. Mas eu não posso jogá-las fora, Meu Deus, e as criancinhas, como eu faço??? Foi ai que eu tive a brilhante idéias, heheheh (sou um gênio, já contei para vocês? Hehehe). Amanhã chega meu segundo roommate, meu amigão lá de Goiânia, Milton, estou aqui um pouco por causa dele, pois foi o grande incentivador de eu fazer este programa junto com ele, porém eu vim primeiro. Voltando, amanhã ele chega, nesse exato momento ele está no avião, por isso o momento estratégico de eu estar escrevendo isso hoje, ele não verá minhas palavras. Uma hora destas ele está comendo aquela comida horrível de avião e eu já estou até imaginando ele chegando aqui amanhã, morrendo de FOME, EEEEEEEEEEEEEEEEEE \o/, vou falar: “Meu amigo Miltão, estava a sua espera, que bom que chegou, eu até comprei comida (auhauhauhauuahha), tem umas bolachinhas ali pra você (uhuahuahua – isso é eu rindo na minha cabeça pois na hora estarei muito sério, como sempre, ehehhehe)”. Esta é minha última esperança de acabar com aquelas bolachas, se ele não o fizer, as criancinhas que vão ter que me perdoar, mas realmente não tenho estrutura mais para comê-las.

E isso tudo é culpa de quem? Quem? Quem? Do consumismo americano e da má influência que eles tem feito sobre mim, afinal de contas, sou um cara ingênuo e indefeso, perdido neste país e, além de tudo caio na tentação deste consumismo incontrolável. O meu Deus, Salve a América, pois ela está perdida, ehehhehe!!!Bom, no mais é só isso. Conto para vocês depois sobre a gula do meu amigo, auhauhaaua.

Bjos e abraços para os respectivos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Primeiro dia de neve em Wisconsin Dells

Hoje foi um dia diferente dos outros aqui de Wi Dells. Porém antes de começar a falar de hoje, vou falar um pouquinho de ontem, que apesar de não ter tido graaaanndddess acontecimentos, teve fatos que eu gostei.

Apesar de ontem, domingo, ter sido um dia normal (normal para mim que sou um trabalhador em dias de domingo), aconteceu algo que foi legal par mim. Gente, legal, não engraçado como vocês já devem estar pensando ai.

Bom, vamos aos fatos. O dia em si foi normal, trabalha ali, afazeres normais dacolá, muita gente com fome, para meu desespero, pois quanto mais gente com fome, mais eu trabalho =/. Mas tudo bem, já estou me acostumando com isso, a única coisa que eu não me acostumei foi com o jeito que o povo faz o sanduíche aqui, pois aqui eles priorizam muito a velocidade, porém não a qualidade do sanduíche, e isso me choca, porque quanto mais rápido for, melhor, e pensem na lesma aqui. Aqui eles entregam o sanduíche caindo aos pedaços para a pessoa; socam tanta coisa dentro daquele pão que eu acho que quando a pessoa abre, voa presunto, almôndega, alface e molho para tudo quanto é lado, e a pessoa que se vire com aquele lanche, porém foi atendida em 2:30 minutos, é foda. Bom, o processo de montagem de um sanduíche é como uma linha de produção, tem várias etapas, começa pela escolha do pão, carne e queijo, que é uma pessoa que faz, ai vem outra pessoa ajudando nas verduras e eu fico na etapa semi-final, terminando com as verduras e colocando molhos, depois de mim só falta embalar o sanduba e quem faz isso é quem fica no caixa, pois ai esta pessoa visualiza qual o tipo de sanduíche e faz a cobrança. Eu nunca consegui ser muito rápido com essas coisas, trabalhos manuais, isso me deixa louco... e lento, mas paciência. Então quando estamos fazendo o sanduba, duas ou três pessoas na fila, talvez quatro ou cinco é tranqüilo, não exige toda aquela habilidade e velocidade, você vai trocando uma idéia (em inglês) com o cliente, fingi que entende, enquanto isso faz o sanduba e pronto, vai na maciota. Até ontem eu nunca tive apuros lá, sempre foi muito tranqüilo, poucas horas que davam um pouco mais de gente na fila, mas era fácil. Porém, ontem estamos lá, na linha de produção, duas ou três pessoas na fila, estamos levando na manha, quando de repente, como um foguete que cai no seu jardim do nada, simplesmente para um ... um ônibus na porta do subway, eu pensei que não era nada, na hora foi di boa, mas de repente, começou a descer jogadores lá de dentro, e descia gente, e descia, e descia gente que não parava mais, e esse povo começou a entrar no subway e a fila foi crescendo e crescendo e crescendo, de repente o povo já quase não cabia mais dentro da loja. Foi me batendo um desespero, eu fui ficando tenso, o calorão foi subindo no corpo e eu já não sou lá tão rápido, na hora da pressão, ai que eu me atrapalhava mesmo, o povo pedia Letuce (alface) e eu colocava cucumbers (pepino) e pedia onions (cebola) e eu colocava olives (azeitona) e virava aquela bagunça e eu só ia percebendo a linha de produção travando em mim. Pensem no desespero. Eu só escutava a gerente, a qual fica no caixa do meu lado falando: “Fast, fast”, e eu pensava: “Ai Meu Deus, o que que eu faço, porque nem dialogar com esse povo eu não consigo, se fingir que to passando mal, nem explicar o que eu to sentindo eu dou conta, que que eu faço?”,simplesmente fiquei desesperado porque eu não tinha saída, eu tinha que ficar ali, mesmo travando a linha de produção, mas tinha, acho que nunca fiquei tão desesperado na minha vida... UFA, que sufoco passei, mas deu certo, sobrevivi.

No final da tarde, quando tudo estava mais calmo e eu já tinha terminado meu trabalho, batido meu ponto, foi um brasileiro lá me pegar, eu tinha combinado com ele no dia anterior pela internet, nunca tinha visto o cara, mas ele honrou a promessa, foi lá e ele foi me mostrar de verdade a tão falada Wisconsin Dells. Gente, e não é que é verdade, existe vida e mais cidade além das ruas cumpridas que eu conheço e caminho todos os dias. Seu nome é Renato, um cara gente boa, cabeça, ta morando aqui já tem um mês, é bem focado no que quer e é bem agradável também, realmente um brasileiro bacana de se conhecer. Fomos dar um rolé e ele me mostrou o centro da cidade e outros pontos que são interessantes de conhecer e que eu nem sabia que existia, foi muito bacana e interessante o passeio. A cidade aqui, apesar de pouco habitada, é grande e larga, o que torna as coisas longes, e para quem não tem carro aqui como eu, não conhece o outro lado de Dells. O passeio de ontem a noite foi bom, abriu um pouco mais minha cabeça a respeito desta cidade.

Hoje, foi meu Day Off de novo, pois eu e o Bruno (meu roommate) íamos com nossa empregadora numa cidade aqui próxima tirar nosso social security (que é como se fosse uma carteira de trabalho aqui nos EUA). Então o Bruno acorda e levanta (como sempre antes de mim, pois quase morro de preguiça para levantar de manhã) e só fala assim pra mim: “Murilo, essa noite nevou”. E eu falei: “Ah, mas nevou outros dias também”, ai ele responde: “Não BANANA, nevou mesmo, olha” e aponta para a janela, ai que eu fui ver que realmente tinha nevado MESMO. Foi a primeira vez que eu vi tanta neve junto e uma paisagem branca na minha vida (foto da nossa janela abaixo).

Me troquei e saímos para encontrar com nossa empregadora e quando abri a porta de casa, a camada de neve estava gigante e foi ai que saímos como dois bobos e brasileiros láááááá do interior do Brasilzão para ver como que era a neve, as expressões eram assim: “Nossaaaa, é gelada mesmo”, “Nooossaaa, quando derrete vira água mesmo”, “Noooosssaaa, que legal, da para fazer bolinha com a neve”. Essas coisas que só brasileiro idiota fala né, pois é sou um deles, auhauhauauhuha.

Fomos na cidade, voltamos, coisa rápida e nada de mais e é claro que enquanto isso tiramos 498749872984789 fotos da neve,filmamos os lagos e paisagens congeladas, aquelas coisas normais que vocês já sabem e imaginam. Nada de mais.

Chegamos em casa, comemos e resolvemos ir lavar nossas roupas e depois ir no Wal Mart comprar algumas coisas, e como tudo aqui é longe, lá vamos nós para mais uma caminhada. O grande detalhe da neve é que realmente, vou ressaltar, ela é molhada, e outro detalhe, ela no chão parece um sabão, portanto, vocês já estão imaginando né. Aaaahhhhh, é claro que não seus bobos, dessa vez eu não cai, uahauhauuaha, mas confesso que quaaaassseeee, eheheheh. Se for para enumerar as vezes que eu escorreguei a gente não sai daqui hoje, mas a que eu mais passei perto de sentir a dureza do solo americano de novo (portanto dessa vez molhado, sujo e gelado) foi um momento que eu realmente estava caminhando tranquilamente e de repente, o Bruno olha pra mim e parece que eu to dançando um Break, as pernas iam para um lado e para o outro como um rapper, e eu só solto aquela expressão: “Uuuuu.... uuuufffaaaaaaaaaaaaa”, o aaaaaaaaaaaa foi no final quando eu já tinha conseguido o equilíbrio novamente, mas confesso pra vocês, quase beijei o solo americano de novo, passei perto disso.

O resto do dia foi a gente lavando roupas naquelas lavanderias igual vemos em filme, e é claro, dois brasileiros do interior, em terras desconhecidas americanos, 98729847398247 fotos e filmes e pega o sabão e tira uma foto e coloca na máquina e outra foto e o americano atrás vendo os dois retardados e ai vamos vivendo, daquele jeitinho bem brasileiro de ser.

Depois disso fomos no Wal Mart, nada de mais, o mais engraçado disso era a gente caminhando, a neve caindo de leve, o frio batendo e o Bruno falando: “Murilo...” e eu: “Queeee Bruno”, e ele: “Será que tem nariz para vender no Wal Mart, porque o meu eu já perdi congelado, esse que eu tenho aqui já era”, auhauahuahhaa, e eu olhava para o nariz dele e via aquela coisa avermelhada, auhauhauhuahauuaa, quase morria de rir. Era muito engraçado. Compras feitas, de volta para casa, caminhando again, mais escorregões normais, o Bruno ficando sem o nariz dele de novo, tudo na mesma, nada de novidades.

O bacana foi que quando eu estava no MSN a noite, o Renato me chamou para irmos num boliche aqui em Dells. Poxa, que legal, eu ia sair pela primeira vez a noite aqui para ir num boliche, gostei da idéia e fomos lá. Ele mora com um galera toda estrangeira, polonês, alemão (acho), outros que não sei de onde são e mais um americano, então resumindo a ópera, bate-papo só em inglês e o Murilo calado de novo, dando umas risadinhas para se mostrar agradável e fingir que tava no assunto, porque abrir a boca para conversar mesmo que era bom, NAADDAAA!!! Auhauhaa. Mas foi legal. Conheci como é um pouco do estilo da vida noturna americana (que por sinal tem mais mexicano que americano, ehheehhe) o boliche rolando, algumas mulheres feias fumando e as coisas acontecendo, que legal, existe vida em Dells e eu não sabia! O mais legal da noite era eu cantando distraidamente as músicas em inglês, aqueles hip hop da hora, essas coisas, mas cantando assim né: “”lai que sem da land e eu não sei, eh sim q no fil, laique não Il, e já não ei...”, coisas de brasileiro, e eles rindo da minha cara e perguntando o que eu tava cantando. Tudo bem que eu não sabia onde colocar a cara de vergonha, mas foi engraçado, uahuahuahha, me diverti com eles, uma turma nova, até nome americano eu ganhei. Na verdade tive dois nomes na noite, primeiro nome que me arrumaram foi um tal de Mourilalalalalaaaaa, uahuahuhauhaua, fiquei tenso com isso, ai eles me arrumaram outro: Marry, é foda, falei que esse nome era de mulher e era um nome muito gay, mas eles insistiram que poderia ser usado pra homem também e meio que ficou esse nome pra mim. É foda mesmo, até nome de mulher agora eu tenho que ganhar nesse país. Ai é paia. Hehehehe, mas a noite foi legal, diferente das minhas noites habituais aqui em Dells.

Bom galera, é isso, o mais é que cheguei aqui em casa e resolvi postar pra vcs, são 03:50 da manhã aqui, 07:50 da manhã no Brasil e that’s it.

Bye bye, see you later.

Kissess

sábado, 22 de novembro de 2008

O Caso Jeremiah (lê-se Diêremai)

Mais uma semana se passou em Wi Dells, minha primeira semana aqui, mas apesar de todas as diferenças que estou sofrendo em relação ao Brasil, percebi muitos aprendizados que tive, além de inúmeras histórias que tenho para contar. Uma delas é o Caso Jeremiah (lê-se Diêremai).

Mas antes de contar a respeito do Caso Jeremiah, vou relatar sobre o meu dia, que por ser mais um dia aqui em Dells não teve nada de grandes acontecimentos.

Bom, quinta-feira foi um dia normal, nada demais, levantei, caminhei, trabalhei, caminhei e voltei para casa, porém teve um fato interessante durante o meu dia de trabalho. Estou lá tranquilamente fazendo meus afazeres subwayanos que, do nada no decorrer da tarde quem chega na loja? O dono, nosso querido Boss, porém estávamos todos bonitinhos, comportadinhos, como excelentes funcionários, que ele a princípio não falou nada, porém ele veio em minha direção e foi quando ele abriu aquela boca cheia de dentes e pareceu uma matraca ambulante, auhauod uhasuhushfuash uahuahauhaiuh uahuahuaha, foi o q eu entendi, credo, quase morri do coração com aquele tanto de palavras, pensei: “Pronto, to fazendo alguma coisa errada aqui e fudeu para mim”. Foi ai que chegou a Syada, a japonesinha do Kungstão, que por sinal ela se tornou minha tradutora inglês-inglês aqui, para nos ajudar na comunicação, foi ai que com muito custo e luta eu entendi mais ou menos ele falando que o rapaz que viria arrumar a internet aqui no dormitório estava aqui e estava fazendo o conserto. Gente, pense na minha alegria, eu iria ter internet novamente, eu seria um garoto ON LINE again. Olha a carinha =))) hehehehe

Bom, voltei para casa correndo depois disso (correndo no sentido figurado da palavra, porque correr num frio desses e na distância que separa o dormitório do trabalho, eu morreria na primeira esquina). Enfim, cheguei em casa, fui louco para o computador, parecia um cachorro babão quando vê carne, tava felizão da vida, ligo meu note, coloco para conectar na internet, puxa, coito interrompido é foda, o que eu pensava que tinha entendido do boss eu não tinha entendido era nada e aqui não tinha internet por.. nenhuma, pense na tristeza e depressão que bateram na hora. Foi foda, mas mantive firme, não deixei a peteca cair, ehhehehe.

Poucos minutos depois, chega meu roommate Bruno, contei para ele sobre o acontecido e pedi para que fossemos no escritório aqui ao lado para ver se conversávamos com a esposa do chefe e ver se ela sabia de algo a respeito e nós dois juntos tentaríamos entender alguma coisa que ela falava . Ele desesperado por internet também, topou sem objeções e fomos lá. Chegando no escritório, que é bem aqui ao lado mesmo, 7 metros daqui, vimos aquela imagem maravilhosa, que benção divina, parecia um bilhete sorteado da megasena, reinava na nossa frente o cara que iria arrumar a internet, parecíamos como dois cachorros babões assistindo aqueles frangos girando na porta de supermercado, uahuahaha. Nem precisamos falar muitas coisas e poucos minutos depois, PAM PAM PAM PAMMMM, estávamos on line (e o melhor, sem passar frio =). A parte que a internet daqui é lenta e uma bosta e praticamente não conseguíamos entrar em nenhum site, nem no email, nem no Orkut e nem no MSN a gente pula, puxa, pra que estragar tanta felicidade. E foi assim o restante da noite, tínhamos uma internet que não funcionava direito e a gente tentava ficar conectado, mas foi bom, nos distraímos com essa pseudo felicidade aqui, ehehehee.

Bom, opa, chegou sexta-feira, era Day Off do Bruno, porém work hard (trabalho pesado) para mim. Ele queria ir no Wal Mart comprar algumas coisas e eu tinha que ir trabalhar e como os dois tem a mesma direção, resolvemos sair de casa juntos. Nesse dia eu iria trabalhar das 12:00 as 20:00 da noite aqui, então saímos era umas 10:30 e logo em seguida cada um tomou o seu rumo.

Fui trabalhar, chego lá, as meninas já estão bombando fazendo os sanduíches, arrumando algo daqui, atendendo um cliente dali. Eu cheguei, vi aquele cenário e pensei: “Opa, hoje eu escapo dos maravilhosos tomates e frangos da vida” e de repente eu só escuto: “Mourilou, can you prepare some tomatoes and teriakis (frango com molho) for us, we are needing (Mourilou, você pode preparar alguns tomates e teriakis para nós, nós estamos precisando)”, “Bosta, tomates e frangos de novo, justo o que eu não queria, que merda!”. E lá vai eu preparar aqueles tomates vermelhos e franquinhos lindos. Sou sortudo mesmo, foda!!!

Terminado este job, vou eu para a frente, faço um sandubão dali, tento entender um americano de língua enrolada daqui, faço contorcionismo com o corpo e com a língua dacolá para tentar falar com os colegas e assim vai passando o dia, nada de grandes acontecimentos. Até que pouco depois do cair da noite (4:30 da tarde) quem chega na loja, nada mais nada menos que Jeremiah (lê-se Diêremai).

Jeremiah (lê-se Diêremai) tem 22 anos, é um cara branco, cabelos curtos e loiros, magro, mais ou menos da minha altura e muito falante. Meu primeiro contato com ele foi no meu primeiro dia aqui em Wi Dells, para ser sincero, depois dos meus chefes (que foram me buscar na estação de trem) ele foi a segunda pessoa que eu vi nesta cidade. Meu primeiro contato com ele eu já fiquei chocado (para não perder o costume), porque apesar de ter uma aparência normal, ele estava usando um bigodinho ralo, loiro e com as pontas enroladas igual a gente vê em filme de spadachim, fiquei doido com aquele bigodinho ridículo que na hora o impacto foi tão grande que talvez tenha até sido por isso que eu escorreguei na poça d’água posteriormente na porta do Mac Donalds, tão assustado que eu estava, ou não, não sei, deixa pra lá.

Bom, mas neste dia, por incrível que pareça Jeremiah, o qual se lê Diêremai, ehhehe, tinha feito a barba e estava com uma aparência digamos agradável. Ele é muito engraçado, apesar de eu não entendê-lo muito bem, eu vejo seus movimentos e percebo o que os clientes falam e ele repete tudo, ele é como aqueles churrasqueiros que você chega e pede: “Por favor, uma picanha” e o churrasqueiro responde: “Uma picanha assadinha e gostosinha saindo da brasa agora, olha que maravilha, ta no gosto do freguês, prontinho senhora, vamos levar mais um franguinho que hoje ele ta campeão, etc etc etc” e assim é o Jeremiah, o freguês pede e eu vejo, ou melhor, escuto ele falando um monte de coisas assim, mais ou menos nesse sentido, e eu fico rindo por dentro, para não dar gargalhada por fora na frente dos fregueses.

Pouco tempo depois que estávamos trabalhando juntos, a loja estava vazia, estávamos só nós dois e começamos a conversar. Começamos falando pela família, Jeremiah é um cara que mora junto com a irmã num lugar que ele falou e que eu não entendi, mas parece não ser muito longe dali, perguntei sobre sua mãe e ele respondeu que esta morava em outra cidade e parece ter uma vida normal, mas quando toquei no assunto do pai, ele não se sentiu muito a vontade em dizer, falou um monte de coisas que pelo que entendi a polícia não gosta muito dele e ele não é um bom homem. Resolvi encerrar esse assunto mais pessoal digamos assim, e fomos falar de empregos. De empregos Jeremiah parece ser bom e nisso ele falou que estava trabalhando em um hotel, achei interessante e falei que gostaria de ter um segundo job também e perguntei a respeito do trabalho dele no hotel. Foi nesta hora que Jeremiah pareceu se transformar, seus olhos arregalaram, sua pronúncia mais trabalhada (apesar de eu não entender) e seus gestos mais espontâneos. Jeremiah falava como se estivesse num filme de terror, ele falava que era um lugar que não era bom, que o gerente massacrava os funcionários e que ele trabalhava como um escravo. Enquanto ele contava a respeito desse trabalho, eu fui até ficando assustado, ele fazia caras e bocas que eu pensava que ele estava sendo torturado, pois ele falava de uma maneira tão medonha, que eu comecei a ficar com medo também, eu comecei a imaginar um filme de terror, onde o gerente é o Frankstein e o que ele te perseguia o tempo todo. Jeremiah chegou a relatar que se eu fosse trabalhar lá eu iria correr risco de vida, quase morri nessa hora, realmente fiquei assustado. Mas o mais engraçado dessa história é que apesar do Jeremiah falar com uma ênfase tão medonha, ele disparava a falar rápido e eu pedia para ele falar devagar para eu entender, mas sei lá, ele deve ser retardado ou achar que eu sou, só pode, porque eu falava para ele falar devagar e ele falava monossilabicamente, parecia que tava falando um ditado e eu pensava: “O burro, é para falar devagar e não silaba por sílaba”. E assim foi.

Voltei para casa, esse dia eu realmente estava destruído, havia trabalhado 8 horas e meia seguidas sem sentar um único minuto, contando as caminhadas eu estava a mais de dez horas de pé, fácil. Cheguei em casa e fui dar aquela relaxada na internet, conversar com o povo e passar o tempo. Isso já era umas onze da noite aqui (3 e pouca da manhã no Brasil) e eu olhando a janela do meu MSN para ver se tinha alguém para conversar, eu vejo um tal de Bruno Matos, e eu espontâneo que sou, falo em alto e bom som: “Bruno Matos, quem será esse banana aqui no meu msn?”, e o meu roommate que estava sentado no computador atrás de mim (foto abaixo), responde: “Oi, você está falando comigo?”. Puxa que mancada, era o MSN dele e eu nem tinha percebido, quase morri de vergonha na hora, mas fazer o que né, já tinha dito, pedi desculpas, fiz uma brincadeirinha sem graça e ficou por isso mesmo. Sou banana de mais, meu Deus!!!

Bom, foi isso, nada mais.

Abração.